A ascensão do pagode romântico de 1990 e as implicações nas relações de afeto da negritude

Autores

  • Nágila Macedo Pires
  • Renato Cândido de Lima

Resumo

O samba é um dos principais gêneros musicais do Brasil, sendo de cultura popular e, por essência, um ritmo afro-brasileiro. Quando surgiu, no fim do século XIX, esse ritmo era visto pelas elites das grandes metrópoles e, principalmente, do Rio de Janeiro, como um movimento de resistência negra, um núcleo onde era observada características singulares da negritude. Ao decorrer das décadas, o gênero atravessou as fronteiras estaduais e ganhou novos subgêneros, como o samba canção, o samba rock, o pagode de 1980 e o pagode de 1990. Apesar de todos esses novos subgêneros surgirem, o samba não perdeu sua maneira singular de retratar o amor. O pagode romântico, muito popular nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ganhou muito espaço nas gravadoras do país agradando a massa e fazendo sucesso em território nacional, tendo um protagonismo negro entre os grupos que estavam em ascensão naquele período. Diferente dos subgêneros anteriores, o pagode romântico em maior parte de suas composições teve o afeto como centralidade, trazendo o homem negro como um eu-lírico apaixonado. Mesmo assim, também são presentes nas letras vestígios da ausência de afeto que o período escravocrata trouxe aos povos negros, como também, uma complexa e importante afirmação para as relações interpessoais da negritude. Nesse sentido, o artigo trará à tona a discussão da sentimentalidade da pessoa negra através do pagode romântico da década de 1990, contando de maneira cronológica a história do samba, da ancestralidade afro-brasileira, dos subgêneros deste macro ritmo trazendo o afeto e o amor como centralidade.

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Publicado

16/06/2021