No ano de 1844 nasceu Friedrich Wilhelm Nietzsche. Um alemão de família protestante, introduzido desde jovem, por incentivo de seu pai, aos estudos de Teologia. Mas, já na adolescência, após a morte de seu pai, o jovem Nietzsche sentiu o toque da Filosofia, um rumo decisivo para a sua formação acadêmica. Em 1864, ingressa na Universidade de Bonn, para o curso de filologia clássica e, academicamente, teve como figura paterna o professor Friedrich Wilhelm Ritschl, por essa razão, mais tardiamente, transferiu-se para Leipzig, a fim de acompanhar seu grande mestre. Aos 24 anos, foi nomeado professor de filologia com cátedra em Basileia. Durante o período de dez anos, foi também um leitor compulsivo do filósofo alemão, Schopenhauer, em especial a obra O mundo como vontade e representação, levando-o a pesquisar a respeito da filosofia pré-socrática, com ênfase em Heráclito.
Nietzsche é uma peculiaridade na História da Filosofia. Durante o seu pouco tempo de vida, produziu muitos escritos sedutores e exortadores de uma conduta que chamou de transvaloração. O alemão é conhecido como “O outro da filosofia”, um inovador, uma metralhadora giratória que extermina idealismos, podendo ser considerado o filósofo da instintividade. Mas, ao mesmo tempo, faz-se necessário reconhecer que a sua filosofia é dividida em três fases:
I. A juventude: Possuiu grande influência do compositor Richard Wagner e do filósofo Schopenhauer. Era um acadêmico, com grande influência do Romantismo. A realização no estudo da Estética, recorrendo aos gregos pré-socráticos, às narrativas trágicas e aos materiais antropológicos a respeito da Grécia pré-apolínea, o introduziu à Filosofia e, sobre este tema, ou seja, a estética dionisíaca, está encarregado o primeiro capítulo deste trabalho.
II. Crítica à moral: Ruptura direta com Wagner e Schopenhauer. Nietzsche passa a criticar ferrenhamente o idealismo alemão e, também, o cristianismo. É sobre esta temática, entrelaçando a obra Gaia ciência ao Ecce homo, que foi elaborado o segundo capítulo.
III. O Zaratustra: A fase mais marcante de seu pensamento. Escreve de forma integralmente aforística, desvinculada de qualquer perspectiva que não sejam a trágica e a dionisíaca, o que finaliza o desenvolvimento da pesquisa com o terceiro e último capítulo, que evidencia o Zaratustra como um poeta trágico.
Há em algumas obras de Nietzsche, referências que problematizam a felicidade na sua filosofia trágica. Chama-se problema, pois Nietzsche não trata da felicidade como um princípio ético, tal como fez Aristóteles e outros gregos, mas aborda este termo filosófico, desenvolvido em todos os períodos de sua produção, com uma visão derrotista. Não afirma que haja a impossibilidade de alcançá-la, mas por um dia ter sido tão próxima e presente que, foi preferível estabelecer caminhos demasiadamente árduos, contrários à natureza humana.
A felicidade é uma busca, não há atividade humana que não vise encontrá-la. A Filosofia desabrocha do cotidiano humano, das tentativas de enaltecimento do ser, essa é a motivação para o desenvolvimento desta pesquisa. Nietzsche a buscou, deixando claro em seus relatos históricos e na sua produtividade filosófica.
O modo com que Nietzsche viveu, doente, e viajando em consequência dessa condição de saúde, influenciou diretamente sua obra. Havia motivos vitais para apresentar ao mundo o seu Zaratustra, essa relação será discorrida no segundo capítulo desta pesquisa. A sua crítica à razão, em anunciar a décadence já na figura de Sócrates e na filosofia de Platão, gerou um arcabouço de renúncia daquilo “que se é”, tendo como ápice de renúncias o idealismo alemão. Platão é o pai do idealismo, um ponto de partida para o niilismo. De maneira efetiva, o autor recupera a noção de valorização da terra e dos instintos, algo que era presente no trágico.