Tendo como referência as obras de Santo Agostinho, comentadores, e outros textos afins, o presente trabalho possui como objetivo descrever e refletir acerca do ato de vontade nas criaturas racionais, e suas relações com a liberdade e a graça. As criaturas racionais, os anjos e os homens, foram criados por obra da Trindade Santa, realidade na qual a prefiguração de Cristo estava presente; são criaturas por serem obra de Deus, feitos a partir do nada e não da mesma substância do criador. Na criação dos anjos e dos primeiros homens, Deus infundiu, por meio do Espírito Santo, seu amor. Há a preocupação de refutar a doutrina maniqueia, que defende duas naturezas distintas: uma má e outra boa. Os anjos são criados por primeiro, porém já com eles há o início do mal, e consequentemente a separação dos anjos bons daqueles maus. O mal inicia-se por meio da soberba dessas criaturas, fruto do ato de vontade que está presente na liberdade de suas naturezas, privando-as da graça do criador. Nas criaturas humanas, o mal entra no mundo após o ato de vontade soberbo praticado livremente pelos primeiros pais, comumente chamado de pecado original. A partir daí há a perda da amizade com Deus criador, ou seja, os primeiros pais e, consequentemente toda natureza humana, são privados da graça. É somente por Jesus Cristo que a natureza humana possui a oportunidade de readquirir a amizade com Deus, por mieo da graça, não por ato meritório, mas por misericórdia de Deus. Somente estando em estado de graça que o homem possui a liberdade de praticar o bem, porque uma vez privado deste amor, seus atos ficam sujeitados tão somente à lei. Portanto, se a inteligência do homem estiver corrompida pela soberba estará privada da graça beatificadora, mas se sua inteligência se curvar à fé e sua vontade à graça, o homem encontrará a Verdade beatificadora, ou seja, a Sabedoria.
Palavras-chave: ato de vontade; criaturas racionais; liberdade; graça.