Thaís Kawabe
Vivemos em uma época em que sair de casa sem o celular, deixar de entrar um dia em nossas redes sociais, seja Facebook, Twitter ou Instagram, pode ser um caso de “vida ou morte”. Parece exagero, mas não é, ao longo do dia ficamos pensando: “Quantos likes (curtidas) tive em minha última postagem?”, “Será que ele(a) me adicionou no Facebook?”, “Será que Fulano de Tal, já visualizou minha mensagem, e respondeu o quê?”.
Essas e tantas outras indagações fazem parte do nosso dia, e não digo só por nós, falo também por aqueles que fazem parte de nosso círculo de convivência, seja a família, amigos, namorado(a), ou até mesmo aqueles que não conhecemos, afinal todos também querem saber o que falam deles nas redes sociais, saber um pouquinho sobre o que acontece com os outros. Acabo de chegar à conclusão de que, embora as redes sociais, e toda essa tecnologia que permeia a minha, a nossa, a sua vida, podem facilitar nosso acesso às informações, saber de tudo o que está acontecendo no mundo quase em tempo real, nos “aproximar” daqueles que perdemos contato, ela também expõe nossa vida para aqueles que nem mesmo conhecemos. Sem contar que, toda essa tecnologia nos afasta daqueles que mais gostamos, e sabe por quê?
Vamos lá, imagine você sentado no metrô, voltando para casa após um longo dia de estudo e/ou trabalho, ao seu lado, tem uma pessoa com os olhos fixos na tela do celular, à sua frente há mais tantas outras também entretidas com o mesmo aparelho, podendo variar para um tablet ou iPods, etc.
Quer outro exemplo, para ver que isso não é exagero? Encontros de amigos, refeições em família, seja em casa, restaurantes ou shoppings, embora a boa etiqueta exija que prestemos atenção a quem está conosco, às vezes, escapa o instigante toque de mensagem do WhatsApp ou alguma notificação e, assim, sem que percebamos, já estamos com o aparelho em mãos respondendo. É muito comum, nestes eventos familiares, ou em grupos de amigos, registrar o momento pela tal da “selfie”, mas temos que concordar que nos melhores momentos nem sempre temos uma câmera na mão, mas lembramos até hoje, está lá, em nossa memória e ninguém vai tirar isso, nem mesmo torná-lo obsoleto perante uma nova postagem que se segue.
Quero que fique bem claro que, não sou contra toda essa tecnologia, pelo contrário, ela me ajuda e muito. Confesso que em alguns momentos me identifico com os exemplos citados anteriormente, não falo como espectadora, mas como protagonista do uso da tecnologia. E digo mais: rede social pode ser tudo, menos “socializar”. Ela tira você do convívio social, fazendo com que foque apenas nela.
De acordo com o Instituto de Tecnologia Política de Washington, EUA, as redes sociais diminuem a produtividade no trabalho, afetam o sono da pessoa e reduzem o número de encontros presenciais entre os amigos.
Perdemos, em média, 25% de produtividade, a cada hora navegando nas redes sociais. Cerca de 16 minutos são desperdiçados por hora, totalizando oito dias a menos de trabalho, no final do mês. Em relação aos amigos, temos 18 dias a menos ao longo do ano.
Mas já parou para pensar em quantos momentos já perdemos por conta da tecnologia? Quantos momentos significativos e que desencadeariam tantos outros, até melhores? Sei que na vida as oportunidades passam, o momento passa, as pessoas passam, e não necessariamente voltam como eram antes – na verdade, se voltar, será uma grande sorte.
Já imaginou que o amor da sua vida pode sentar do seu lado no metrô ou até mesmo passar na sua frente, e você não notá-lo porque está lá, intrigado com o feed de notícias dos outros? Já parou para pensar o que aconteceria, caso esquecesse um pouco desse mundo virtual e prestasse atenção naquilo que te cerca?! Sim, a vida real! De repente, encontraria seu grande amor, namorariam, casariam, teriam filhos, envelheceriam juntos, ou se preferir, escolha você mesmo sua trajetória de vida feliz.
Imagine se todas as 7 bilhões de pessoas do mundo vivessem imersas nessa tecnologia, para onde iriam as relações humanas, a demonstração de afeto, o vibrar e pular pelo conquista de uma vitória? O vídeo abaixo, “Look Up”, de Gary Turk, retrata em imagens tudo isso que acabei de falar.
Ultimamente estou vivendo mais. Não que antes eu não vivesse, mas refiro-me a “viver o agora”, viver da melhor forma o presente momento, junto de todos aqueles que me fazem bem, aproveitar cada refeição falando sobre como foi o meu dia para minha família e saber como foi o deles. Conversar, demonstrar carinho aos meus avós mesmo que seja com um simples gesto de estar com eles vendo um filme, ouvindo e aprendendo com suas histórias de vida.
Pois bem, as pessoas não são eternas, mas a tecnologia, ah, você sabe, ela a cada dia vai se modificando e a tendência é só se desenvolver mais e mais, ela não vai se extinguir, afinal, precisamos dela. Então não deixe para mais tarde aquele abraço que você quer dar em seus avós, um “eu te amo” para seus pais, um encontro com os amigos de infância. Por isso, viva aproveitando esses momentos e fazendo com que ele também se torne inesquecível para aqueles que são essenciais para você.