por Heloísa Freitas e Mariani Campos, alunas de Jornalismo, com edição da profa. Lilian Crepaldi
O rap no Brasil começou a entrar em foco em meados dos anos 1980 pelas periferias do país e, principalmente, pelo centro de São Paulo. Galeria 24 de Março, Praça Roosevelt e estação São Bento se tornaram os principais palcos para os DJs e b-boys que se identificavam com o movimento e procuravam um lugar para dançar. Nomes como Thaíde, Sabotage e Racionais MC’s se tornaram ícones da música, levando o rap e o hip-hop a âmbito nacional.
Mas o Rap sempre foi e ainda é considerado como território masculino, já que seus grandes representantes são quase que exclusivamente homens. Ainda assim, as mulheres vêm ganhando espaço com letras fortes, melódicas e principalmente críticas.
Nascida e criada na zona sul de São Paulo, no Capão Redondo, Miss Ivy, uma das representantes nacionais do rap feminino, nos conta que seu local de nascença a levou ao rap principalmente pelo fato de um dos principais grupos do país ter se formado ali, os Racionais MC’s. Tássia Reis, outro grande nome do rap nacional, veio da cidade de Jacareí, interior de São Paulo, e começou sua carreira artística fazendo parcerias com nomes como Rashid e Marcelo D2.
Criada das periferias de São José dos Campos, Meire D’Origem, 32, é integrante do grupo D’origem. “Como garota preta e periférica, as estatísticas sempre diziam que eu não passaria dos 30 anos, que eu não me formaria, e meu final seria servir ao marido e cuidar da casa e dos filhos. O Rap, ao contrário disso tudo, me dizia que eu era capaz de vencer, seja forte, se jogue, lute! Contrariei as estatísticas e só posso dizer: obrigada hip hop, salvou minha vida”.
A MC se inspirava em cantoras como Rhadigah, Lauryn Hill, Mary J Blige e também no Rap Nacional, como Facção Central e Realidade Cruel. Ela diz que o hip hop é um ambiente acolhedor para as mulheres, mesmo que, como em todas as tribos, aconteçam situações de machismo. “É comum que homens chamem as mulheres para fazer apenas um refrão, ou até mesmo para fazer uma apresentação de graça enquanto todos os outros que estão no show estão ganhando, como se isso fosse um favor para nós. Nossas reivindicações são mínimas: igualdade, respeito e equidade de gênero nas festas e roles, porque a gente quer e precisa se ver, representatividade importa muito!”, exclama.