Nativos brasileiros vivem em condições de calamidade pública em meio a disputas por terras no Brasil
Por Victoria Fernandes e Danielly Ramos, alunas de Jornalismo da FACOM – Faculdade Paulus de Comunicação, com edição da Profa. Lilian Crepaldi.
Quando se fala em terras indígenas, há que se ter em mente, em primeiro lugar, a Constituição Federal de 1988. Segundo a antropóloga Arianne Rayis, “a Constituição reconhece que os povos indígenas são os primeiros e naturais senhores desta terra. Sempre que um grupo reivindica uma área territorial, cabe ao Estado sua demarcação, pois este se constitui como um direito constitucional.”
Keila Chaxene Muniz, da aldeia takuari, localizada no Vale do Ribeira, conta que “a terra tem um valor imenso para o povo indígena, pois na tribo em que vivia, o cultivo, a pesca, a caça e o artesanato ainda são mantidos. Pelo fato da tribo está localizada em uma reserva florestal, a FUNAI tem ajudado bastante na questão de ameaças contra os povos que vivem no local.” Já de acordo com o representante da comunidade guarani do Jaraguá, Willian Marcena, “a FUNAI tem dificuldades sim, a partir do momento que o governo retirou algumas ações que beneficiam a Funai e os povos indígenas, ela foi perdendo forças.”
Os indígenas da tribo guarani, que vivem no território demarcado do Jaraguá, enfrentam também a violência moral: o descaso do governo e da opinião pública em relação às condições humanas que vivem. Com chão de terra, as famílias dividem o espaço limitado com centenas de cachorros abandonados e montantes de lixos espalhados pela comunidade. Não há saneamento básico e o esgoto fica a céu aberto, onde integrantes da comunidade praticam suas atividades culturais e onde as 500 crianças se banham em tanques e brincam.
A gestora do departamento de juventude da Cruz Vermelha, Kamilla Jungo, afirma que “eles pedem por mais espaço”. Silvio Dutra, do departamento de programas comunitários da instituição, acrescenta que “a questão de saneamento básico é bem dramática lá, porque, eles têm problemas com a água, com o esgoto e não percebemos nenhum envolvimento do poder público para tentar sanar estas questões”.
No pico do Jaraguá, não existe coleta de lixo e há poucos chuveiros. William Marcena, um dos líderes da tribo Guarani do Jaraguá, afirma que “as famílias vivem em casas quase encostadas umas nas outras pelo fato de terem perdido muitas terras. Estamos recuperando o que perdemos para os não indígenas”, afirma.