Exposição na FAPCOM usa da fotopintura digital para recriar imagens, técnica dos séculos XIX e XX revisitada pelos alunos
Por Fernanda Iarossi
As imagens parecem antigonas, da época dos avós ou dos parentes mais velhos?
Na verdade são de alunos (de hoje!) dos cursos tecnológicos de Multimídia e Fotografia da FAPCOM (bem mais novos!) que testaram a técnica fotopintura, numa das atividades da disciplina Arte e Tecnologia, com orientação do professor Elinaldo Meira.
“Eu curti o contraste do retrô com atual. Reparei que hoje não temos a mesma postura fotográfica, parece tudo algo mais descontraído, mais livre. E a pose para foto foi justamente essa que gerou um charme aliado à técnica da fotopintura”, explica Andrew De Almeida Silva, aluno do 3º semestre de Multimídia, que participou da exposição.
E o que consiste esta técnica?
Comum em quase todo o século XX, a fotopintura tornou-se parte das famílias brasileiras que queriam ter retratados os parentes. A fotopintura, ao misturar, imagens fotográficas com uma nova disposição organizada pela pintura, permitia recriar ou mesmo criar cenas, inserir adereços, ajeitar cabelos, deixar tudo mais bonito.
Como assim?
A fotografia era copiada sobre uma base de papel e sobre ela pigmentos eram aplicados. Por exemplo, uma pessoa tinha uma foto do pai, uma outra da mãe, outras dos irmãos. Estas fotografias eram encaminhadas a um fotopintor que as reunia em uma única imagem e recriava uma cena em família. Isso em uma época que o acesso à fotografia era muito diferente de hoje. Já se imaginou sem seu celular para registrar uma selfie e precisando de um profissional para montar as carinhas numa mesma cena?
Você sabia?
No Brasil, a técnica foi muito difundida na região Nordeste. Mas não só lá: no bairro do Brás, em São Paulo, havia muitas lojas especializadas em fotopinturas, ou como eram chamadas, as “casas de fotopinturas”. Nelas se poderia encomendar a produção destes retratos, que demoravam, em média, um mês para ficarem prontos.
Além de recriar cenas de família, a fotopintura também foi muito usada para eternizar a imagem de um ente querido, já falecido, quando só havia uma fotografia destruída pelo tempo. Era usada para preservar a imagem guardada na memória e até retocá-la, se assim o cliente do fotopintor pedisse.
A exposição foi apresentada durante o V Seminário de Filosofia da FAPCOM, realizado nos dias 15 e 16 de abril de 2015.
Quer ver outras imagens com a técnica: clique aqui.
Confira o vídeo produzido pelo professor Manoel Nascimento: