Por Fernanda Iarossi
As jornalistas Josilene Rocha, que teve seu TCC, o livro-reportagem ‘Entre os mortos: narrativas de profissionais que trabalham com cadáveres’, premiado na Intercom-Sudeste e publicado na Amazon, e Letícia Akamine, que produziu o Documentário “Memórias – a história de dois sobreviventes do Holocausto”, conversaram com os alunos do curso de Jornalismo sobre os bastidores da pesquisa que realizaram no final da graduação. Anote as dicas de sobrevivência:
1) Leituras que inspiram
Reúna tudo que gosta e tem a ver com o seu tema de pesquisa: valem livros de ficção, não-ficção, ligados ao jornalismo ou área correlata. Selecione o que pode ser um caminho a ser seguido. Os que tenham jornalistas como autores costumam “balançar” o coração dos estudantes.
2) Entrevistar, entrevistar, entrevistar…
Não ter preguiça (e nem vergonha) de fazer muitas entrevistas. Mesmo que não entrarão no TCC são a base para selecionar as boas histórias. Por isso, tem que insistir com fontes, personagens. E se preciso, agendar conversas com a mesma pessoa em vários encontros.
3) Termos técnicos – garimpar, estudar, perguntar.
Se seu tema tem a ver com medicina, provavelmente encontrará termos médicos que não compreende. Caso a sua pesquisa retrate uma cultura diferente da sua, com certeza terá que lidar com conceitos fora da sua realidade. Mais um desafio para qualquer bom pesquisador (e jornalista): garimpe, estude, pergunte. Corra atrás de quem entende para evitar erros ou colocações fora do contexto.
4) Não desista de ir atrás de uma (ou várias) história(s) para contar.
Aqui o reforço do item 2: ouvir pessoas é a arte dominada pelos bons repórteres. Mais do que saber o que perguntar é ter sensibilidade de ouvir boas histórias.
5) Ver tudo que está em volta (de você, das fontes, dos personagens).
A sensibilidade também inclui observar, reparar os diferentes cenários e jeitos de quem vai contactar ao longo do seu TCC. Cada ser humano é de um jeito. Diante de microfone, gravador, câmera, pode ser que não consiga avançar neste dialogo que é a entrevista. Por isso, ligue todos os sentidos: o que está vendo fora o entrevistado? Onde foi o local da entrevista? Quais roupas, acessórios eram usados pelo entrevistado? Quais sons existiam enquanto gravava? Sentia cheiros? Enfim, anote, grave tudo que observa além das falas, da entrevista em sim.
6) Temas correlatos – fuce ao máximo.
Está gravando um documentário e lembra-se de uma música que tem a ver com o seu TCC? Está escrevendo um livro-reportagem e recorda-se de um filme da sua adolescência que dialoga com a sua pesquisa? Está roteirizando um programa de TV ou rádio e depara-se com um quadro no museu ou na rua que resume o que tem pesquisado? Está terminando a monografia e pensa nos capítulos de um livro que leu no passado e ajuda a organizar os seus capítulos do TCC? Tudo pode ser adaptado para o seu projeto. Ligue o radar!
7) Veja suporte em todos os locais.
Correr atrás de especialistas, acessar acervo de museus, pedir, buscar documentos pessoais ou oficiais. Pense em tudo que pode somar com a sua pesquisa.
8) Imagens extras, sempre.
Se está documentado em vídeo, nunca se esqueça das imagens de cobertura. Vale close no entrevistado, uma panorama no ambiente onde está realizando a pesquisa… Imagens alem do óbvio, comum são coringas no momento de decupagem e edição.
9) Certifique-se de documentos necessários.
Termo de uso de imagem, cessão de uso, autorizações e afins são essenciais para não ter problemas com seu TCC. Mesmo que a pesquisa fique apenas na biblioteca da faculdade, inclua todos os documentos necessários que mostrem que tudo que usou pode ser compartilhado na pesquisa.
10) Relacione com o seu curso.
Não importa o tema do TCC, o formato da pesquisa – projeto experimental ou monografia (modalidades comuns na FAPCOM), tem que ter a cara ou uma amarração com o seu curso. Relacionar o seus TCC com o fazer jornalismo é essencial.