Por John Monteiro, Fernanda Lelles, Elaine Oliveira e Wanderson Alves
Oficina ministrada pelo cenógrafo da TV Cultura, Júlio César de Souza, abordou conhecimento e nostalgia, no estúdio de televisão da FAPCOM
Em um recipiente com água, o instrutor joga várias tintas de cores diversas e, então, pede aos espectadores que cortem folhas de sulfite A4 em quatro partes e, cada um, com o seu quarto de folha coloca-a na superfície da água. Aos poucos, a água pinta os pedaços de papel, e, ao ver o resultado, os estudantes começam a exclamar: “Nossa! Este aí parece um Salvador Dali!”, “Este, com um Picasso!”, “Aquele ali valeria milhões!”, e na admiração da mistura de tintas e com imaginação ocorreu a oficina de “Direção de Arte e Cenografia Para TV” ministrada pelo cenógrafo da TV Cultura, Júlio César de Souza, no estúdio de televisão da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), durante a II Semana de Comunicação promovida em agosto pela instituição.
O profissional, que trabalhou em vários programas infantis memoráveis da TV Cultura, como o Castelo Rá-Tim-Bum, explicou que é preciso manter o “espírito de criança” na profissão, pois em vários momentos é necessário ter a perspectiva infantil para planejar cenários lúdicos para os pequenos. “Como as crianças pensam? Como elas pintam um desenho?”. Com questionamentos desse tipo, Júlio César convidou os alunos a pensarem nessa visão, concluindo que muitos pequeninos não têm noção de simetria, de proporção, profundidade, gostam de desenhos coloridos, não começam a desenhar e pintar pelo centro da folha. Aspectos que os adultos não costumam ter, porque tendem a fazer as coisas de maneira mais racional.
“Às vezes, o senhor ‘italianão’ na esquina de casa vai se tornar a ideia de um personagem no programa. Então, ao invés de ficar pesquisando na internet, para montar um personagem, é muito melhor você observar as pessoas que estão ao seu redor. É melhor sair e ir lá conversar com aquele italiano”, explica Júlio César, quando fala da criação e ambientação para personagens. Algumas técnicas de cenografia, expostas na oficina, baseiam-se muito nas artes plásticas, como o processo de transformar objetos usados em cena em outros totalmente diferentes, usando a pintura ou materiais diferentes.
Memórias de criança
A cada slide, que mostrava uma foto de uma cena ou personagem de um programa infantil da TV Cultura, o instrutor questionava, “Lembram-se desse aqui?”, “E esse cara, reconhecem?”. Muitos estudantes, hoje já adultos, lembravam-se de momentos da infância, que convergiam com o que viam. O Castelo Rá-Tim-Bum, a abertura do Programa Rá-Tim-Bum, o Alípio, o cavalo do programa Cocoricó e outros personagens faziam vir à mente os tempos em que a preocupação não era se formar em uma faculdade e encontrar um trabalho na área, mas somente chegar da escola a tempo de assistir ao programa favorito.
O profissional trabalhou, além dos programas infantis, em outras atrações da TV Cultura, como o “Cartão Verde” (programa sobre futebol) e o “Provocações” (programa de entrevista com o, já falecido, diretor e ator Antônio Abujamra), mas o que marcou foram as fotos de programas infantis, que todos ali acompanharam. Ouviam-se as reações de lembranças. “Vocês devem ser geração Rá-Tim-Bum, Castelo (Rá-Tim-Bum), Cocoricó, e ele (o instrutor da oficina, Júlio César) é simplesmente um dos artistas mais importantes da TV (Cultura)”, enfatiza a Coordenadora Geral da TV Rá Tim Bum, Ida Iervese, que daria uma palestra para a turma depois da oficina.
Cenografia
Cenografia é a arte de compor um cenário, os personagens, trabalhar com as cores que serão vistas pelo telespectador. É uma parte importante do espetáculo, que dá vida ao ambiente. O tema conversa muito com o curso de Rádio, TV e Internet, porém a oficina foi aberta a estudantes de qualquer curso. “Estou muito feliz porque a oficina geralmente tem de ser um pouco menor, mas a gente não colocou limites, acho que é bacana. A maioria aqui é de RTVi, tem o pessoal da manhã e da noite”, explicou a coordenadora do Curso de Rádio, TV e Internet da FAPCOM, Márcia Carvalho, enquanto abria o evento.
Júlio César pinta os retratos, que ficavam expostos no cenário do programa Provocações, da TV Cultura