Daniela Guimarães
A Aids ainda é uma doença sem cura. Como se esse fato não fosse difícil o suficiente, a maioria dos soropositivos sofre um preconceito enorme de outras pessoas por serem portadores do vírus HIV.
Recentemente, duas campanhas chamaram a atenção da mídia. O diferencial delas? As duas possuem sangue soropositivo em sua composição.
A primeira campanha é brasileira, criada pela Ogilvy Brasil para a ONG Grupo de Incentivo à Vida (GIV), e foi divulgada em bares, pontos de ônibus e faculdades de São Paulo. Com a assinatura “Se o preconceito é uma doença, a informação é a cura.“, a campanha quer chamar atenção para o preconceito gerado pela falta de informação, já que o vírus HIV não é transmitido através do contato físico, e não sobrevive por mais de uma hora fora do corpo humano.
Confira:
A segunda campanha foi criada pela Saatchi & Saatchi para a revista Vangardist. Três mil exemplares da edição de primavera da revista foram totalmente impressas com uma tinta especial que contém sangue soropositivo em sua composição. Voluntários soropositivos doaram sangue para a composição da tinta, que teve sua produção supervisionada por médicos, atendendo a rigorosos controles e não oferecendo nenhum tipo de contaminação.
“Com esse projeto único, queríamos criar uma resposta rápida, transformando o meio de comunicação na verdadeira raiz do estigma – imprimindo todas as palavras, linhas, fotos e páginas da revista com sangue de pessoas com HIV. Quando seguram a edição em suas mãos, os leitores imediatamente quebram esse tabu.“, afirma Jason Romeyko, diretor executivo de criação da Saatchi & Saatchi Suíça.
Julian Wiehl, editor da Vangardist, observa: “Em 2013, foram 80% mais casos confirmados de HIV do que há 10 anos e há uma estimativa de que 50% dos casos de HIV são detectados tardiamente devido à falta de testes, causada pelo estigma social associado ao vírus. Isso nos pareceu um assunto muito relevante não só editorialmente, mas também de um ponto de vista mais amplo de comunicação.“