por Maria Helena Marques
O livro Bullying, que brincadeira é essa?, de Denio Maués, oferece uma rica reflexão sobre essa dor silenciosa e de marcas profundas. A obra de Maués apresenta uma linguagem dinâmica, que conduz o leitor a atuar como personagem de uma peça teatral e a viver a dor e o sofrimento do personagem Júlio. Impossível não se sensibilizar com o drama apresentado.
Quando uma brincadeira de mau gosto provoca marcas de dor e angústia, por vezes em níveis insuportáveis, provocando um estágio de sofrimento irreversível, ela deixa de ser uma brincadeira; é bullying. O bullying é uma violência caracterizada por um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente. Trata-se de um fenômeno complexo e que envolve diferentes personagens – agressores, vítimas e espectadores –, num contexto em que todos sofrem e são afetados por episódios recorrentes de uma violência que, na maioria das vezes, é invisível e silenciosa, considerando que a vítima não procura ajuda e fica acuada, impotente, retraída e insegura.
Cada pessoa tem a sua história, suas peculiaridades, suas dificuldades, suas características. E são essas singularidades que definem a maneira de sentir e reagir diante de situações que intimidam e constrangem. O constrangimento e o medo silenciam todos os atores envolvidos, o que dificulta a intervenção que, por vezes, acontece tarde demais. Portanto, a maneira mais eficiente é a prevenção da violência com estratégias e atitudes que desenvolvam a empatia e promovam um ambiente mais afetivo para a aceitação das diferenças que se apresentam.
O caminho da prevenção é a proposta do autor Denio Maués, que traz um texto emocionante, envolvente e dramático. De maneira sutil, o autor surpreende e oportuniza aos leitores a experiência única de protagonizar uma história com um contexto tão presente no ambiente escolar. Aos professores e educadores em geral, a obra de Maués oferece uma extraordinária estratégia para abordar o assunto através da linguagem teatral. A representação dos personagens fictícios preserva a imagem dos personagens reais que conseguem se enxergar sob outra perspectiva, rompendo com o ciclo da dor, das ameaças, das intimidações, da ridicularização, da exclusão e da violência.
Colocar-se no lugar do outro, aceitar e conviver com o diferente, não julgar ou discriminar, sentir compaixão e desenvolver a empatia são tarefas desafiadoras do compromisso de quem educa para promover continuamente o processo de humanização. A obra aqui apresentada oferece uma importante estratégia pedagógica que pode e deve ser encenada em diferentes escolas, com os mais variados elencos. São episódios da vida real, tristes, condenáveis e sérios, tratados com muita profundidade, sem perder a leveza, a alegria e a diversão, ingredientes necessários no fazer educativo para que se a reflexão provoque significativas mudanças de atitude.
Saiba mais sobre o livro ” Bullying – Que brincadeira é essa?”, de Denio Mauês.