Por Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito
Estudar é exigente. Trata-se de uma tarefa que requer tempo, concentração e empenho. Não se aprende às pressas. Estudar é devagar. Ocorre que, como vivemos em uma época em que tudo parece instantâneo, de repente alguém poderia se angustiar pelo fato de o estudo ir na contramão. Some-se a isso outro sacrifício: a renúncia.
O estudante, vez e quando, terá de renunciar baladas, passeios nas lindas tarde de sábado ou domingo. Evitará o excesso de whatsapp, o programa predileto de TV. Até o tempo para o namoro deverá ser reduzido. Estudar é planejar. É também saber lidar com a solidão. Isso tudo, porém, não quer dizer que estudar seja uma tortura. Ao contrário, estudar é prazer.
Um prazer que necessita paciência e uma dose significativa de humildade. Estudar equivale ao famoso episódio narrado pelo poeta e crítico literário norte-americano, Ezra Pound. Diz-se que certo dia um estudante pós-graduado, coberto de honrarias e diplomas, foi ter com o professor de História Natural, a fim de receber os ótimos e últimos retoques em seu trabalho. No entanto, ficou surpreendido: o mestre deu-lhe um pequeno peixe e pediu-lhe para o descrever. Pasmo ante à simplicidade da tarefa, o aluno responde: “Mas este é apenas um peixe-lua”. Ao que o naturalista retruca: “Eu sei. Descreva-o por escrito”.
Passados alguns minutos, o estudante volta com a descrição Ichtus Heliodiplodokus. O professor pede ao estudante para que descreva de novo o peixe. O jovem obedece e ao regressar traz um ensaio de quatro páginas sobre o assunto. Então o professor diz-lhe: “Olhe para o peixe”. Passadas três semanas, o peixe estava em adiantado estado de decomposição. Porém, a esta altura o estudante sabia alguma coisa sobre ele.
Estudar, portanto, é não se conformar às superficialidades. Seja qual for a matéria, seja qual for o problema, faz-se necessário o interesse para mergulhar fundo. A atitude de permanecer na superfície pode ser mais confortável. O esforço, as tentativas, os horizontes que se abrem, todavia, alargam as possibilidades de leitura do mundo.
Nada de estudo medíocre. Nada de encontrar desculpas ou murmurações, quando na verdade o que se espera de um estudante é coragem de ir além do que já dizem os manuais, as terminologias estanques, e descobrir algo novo a cada desafio proposto pelos mestres. Há um mundo maravilhoso a ser descoberto e construído, mediante a arte do estudo. Estudar é deixar-se encantar pela a vida.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito – Diretor da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação – FAPCOM.