Por Rafael Cardoso Rocha
Especialistas analisam o processo da comunicação com as novas tecnologias
Durante o mês de agosto, os professores Ciro Marcondes (USP) e Márcio Wilton (USP) falaram para mais de 400 pessoas, no auditório da FAPCOM, sobre as transformações da imagem e o estado da comunicação no espaço público contemporâneo.
Diante de alunos, professores e visitantes da instituição, Ciro tratou da imagem sobre variadas perspectivas. Uma delas foi sobre a imagem literária, por exemplo, que é composta pelas letras e tem a vantagem de estimular a nossa imaginação; é o que fazem os poemas, os contos e as grandes narrativas. Eles expandem nossa capacidade de pensar sobre variadas formas. O professor também recomendou à plateia escolher sempre a versão literária de uma obra ao invés vez de sua versão cinematográfica.
Houve um tempo em que o cinema ensinava a abolir os clichês, as imagens óbvias. Ensinava a ver a imagem em toda a sua intensidade, segundo o filósofo Deleuze, citado por Ciro. Mas, o que se vê hoje é a reprodução constante de imagens semelhantes, pré-interpretadas pelos espectadores. Nesse caso, segundo o pesquisador, o público adquire uma atitude conformista. A redundância da imagem empobrece sua visão de mundo e a sensibilidade do seu olhar. “O clichê é a paz, mas a paz, nesse caso, é a tranquilização da indiferença”, disse ele.
Um caminho possível para reverter esta tendência é “deixar que a força expressiva” da imagem aja sobre nós, ou seja, buscar novos ângulos da realidade para produzir o estranhamento, a perplexidade e a inquietação, a fim de que sejamos incentivados a pensar de fato. Ciro também explica que, para a imagem tanto literária quanto a cinematográfica nos tocar, é preciso tempo, uma pausa, uma oportunidade para pensar com qualidade.
O professor Mauro começou sua análise com um veredicto: “Aquilo que nós vivenciamos até há pouco como as tecnologias da comunicação se transformou”. Neste contexto, surge uma quantidade sem fim de novas perguntas, como: “Mudou a comunicação? Mudou o conceito de sociedade? Onde estão os nossos relacionamentos? e O que está em jogo, afinal?”.
O professor fez um convite para a reflexão por meio de algumas constatações: Com a onipresença permitida pelas novas mídias, “nós vivemos espaços públicos parciais”. É preciso, portanto, pensar “como o processo da comunicação está no espaço público contemporâneo”.
Da plateia veio uma pergunta sobre a fotografia, a respeito da existência (ou não) de muitos teóricos nessa área. Para Ciro, há poucos. Porque “a foto, eu sinto ou não sinto. A imagem, com seu fascínio, transcende a capacidade explicativa”. Todavia, fez uma consideração sobre a “selfie“, prática que está na moda na qual o sujeito tira foto de si mesmo e publica em redes sociais. “A selfie não é a face dinâmica, é mais um atestado de existência”.
Ciro criticou a cultura do selfie e das imagens que perdem sentido por sua redundância. Mauro, em outro momento da palestra, sintetizou essa ideia ao dizer que “nós não estamos com espaço público de argumentação, mas de visibilidade por meio da imagem”.
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