Por Tamires Gomes Silva
Em sequência ao VIII Simpósio de Comunicação FAPCOM, no dia 19 de agosto, o Prof. Dr. Alberto Klein, com o tema “Imagens e contra imagens no ambiente de culto: tensões contemporâneas”, nos levou ao universo da imagem de culto, fazendo reflexões sobre a arte, comunicação e, principalmente, a teologia do qual o mesmo afirma ser a primeira área a dar atenção na imagem como culto. Tudo o que explanaremos aqui será sustentado por suas alegações durante a palestra.
A imagem caracterizada como culto é um objeto caro, tanto à comunicação quanto à teologia – não podendo esquecer de considerar o ambiente no qual ela é inserida, responsável por mudar totalmente a forma como se faz e se vê a imagem.
Recentemente, começou a pipocar nos meios de comunicação uma série de episódios envolvendo imagens e sua relação com a religião. Em algumas religiões, imagens não são apenas imagens, elas são a própria coisa que representa. Temos, por exemplo, a diferença de significado de uma imagem de Maria para católicos e protestantes. Já no Islã, é proibido fazer o uso da imagem de Maomé.
Klein também mencionou o acontecimento com o jornal francês Charlie Hebdo, deixando ainda mais claro a importância da imagem nesse caso. Quando foi noticiado o ocorrido, em janeiro passado, muito se discutiu sobre a liberdade de expressão, sobre terrorismo e intolerância religiosa, porém, não se tratou o fato da ótica da imagem.
A discussão sobre o idólatra e o comportamento iconoclasta foi necessária para adentrar o saber da linha tênue que liga os dois. Na época em que surgiram os iconoclastas, eles não somente quebravam as imagens, mas as “torturavam”, quebrando-as de uma maneira específica. Quem agride uma imagem do divino não ataca só a imagem, mas sim o próprio divino. Na percepção de Klein, os dois são exatamente iguais, porém, de maneiras diferentes: “O idólatra tem o mesmo comportamento do iconoclasta, porém, um se concentra em adoração/veneração, já o outro com os mesmos sintomas, tem veneração por destruir essas imagens”, afirma.
Duas características: o mistério da presença e a epifania de um mistério. Quem agride uma imagem do divino não ataca só a imagem, mas sim o próprio divino. Santo Augustinho dizia que a eucaristia não era somente o pão e vinho, mas sim o sangue e corpo de Cristo. Portanto, esse caráter epifânico da imagem mostra um desejo e impulso do próprio sagrado se revelar ao homem. No ponto de vista do fiel, é o próprio Deus se manifestando. De certa forma, a imagem de culto não foi feita para ser exposta, ou massificada como a imagem midiática. O mistério dela era unicamente a cultivação.
O sagrado, hoje, passou a ser vivenciado e experimentado não somente pelo corpo e as sensações compostas dele, mas também pelos meios de comunicação de massa e mídia eletrônica (referência a programas religiosos). O meio não significa apenas um canal, o meio é um ambiente que reconfigura não só o objeto. Da mesma forma, na relação entre as pessoas, o ambiente reconfigura o mundo.